quarta-feira, 10 de agosto de 2016

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Saudades da Terra

Saudades da Terra

«De mim, que quer que lhe diga? Estou aborrecido, doente e estúpido. As famílias com quem convivi aqui, no Inverno, e que eram de Nova Iorque, voltaram para Nova Iorque; os livros, não os abri desde que deixei Portugal; a saúde, o Verão abrasador e implacável está-ma perturbando. Estou tão só que a minha conversação ordinária é com o meu criado; estou tão imbecil que leio Paulo de Kock! (È a verdade exacta).
Por isso, amigo, não creia que eu deva julgar-me feliz por me achar longe da infecção do Chiado. Ai! como Madame de Staël, eu tenho saudades do enxurro do Rossio. - Você não compreende decerto este sentimento, porque nunca esteve exilado. O exílio importa a glorificação da pátria. Estar longe é um grande telescópio para as virtudes da terra onde se vestiu a primeira camisa. Assim, eu, de Portugal, esqueci o mau - e constantemente penso nas belas estradas do Minho, nas aldeolas brancas e frias - e frias! - no bom vinho verde que eleva a alma, nos castanheiros cheios de pássaros, que se curvam e roçam por cima do alpendre do ferrador...
Estou ridículo? melhor! Ser ridículo é não se parecer com os insípidos.»
Carta endereçada de Havana a Ramalho Ortigão, 1873. (Ilustração de Mário Costa)

domingo, 25 de maio de 2014

AS ELEIÇÕES E A IMPRENSA


«As eleições foram daí a três semanas.  O Ministério teve uma Maioria compacta, sólida, homogénea.  Os jornais da Oposição afirmaram - que como corrupção, tricas, violências, peitas, influências obscenas, estas eleições não só seguiam a tradição obsoleta dos Cabrais, mas ofereciam, a evidência  dolorosa da decadência social.  O Estandarte disse - «é, imenso como torpeza: nós aplaudimos; porque um ministério, que assim procede, inspira ipso facto um nojo genérico; este governo não há-de cair, porque não é um edifício: hão-de tirá-lo com benzina, porque é uma nódoa.»
            O Progresso Social afirmou: «somos o escárnio da Europa!»
            A Nacionalidade disse, com chiste: «é averiguado que a maior parte das urnas
tinha fundos falsos; nada admira o expediente, vindo dum ministério de pelotiqueiros» - aludindo malignamente, ao Ministro das Obras Públicas, cuja perícia, em fazer habilidades com cartas era geralmente estimada, e muito apreciada na Corte.
            Mas o Globo, jornal do Governo teve uma «saída» resplandecente: «O Estandarte, jornal dos Bexigosos, escreve, no seu artigo de ontem: “o Governo não há-de cair porque não é um edifício, hão-de tirá-lo com benzina porque é uma nódoa.”  Este plagiato é torpe: aquela frase foi escrita por nós, ipsis verbis, no n.º 1214 deste jornal, quando os Bexigosos, elegeram a Câmara passada!»

            Ambos os partidos se consideravam reciprocamente uma nódoa - e se ameaçavam com benzina!  Ah!  Quando se compenetrará a imprensa da elevação do Sacerdócio?» in O Conde de Abranhos, 1879.

LANÇAMENTO DA EDIÇÃO CRÍTICA DE «A CORRESPONDÊNCIA DE FRADIQUE MENDES»


Intervenção do Prof. Carlos Reis durante o lançamento da Edição Crítica de «A correspondência de Fradique Mendes» na Biblioteca Nacional em 21 de Maio de 2014.

sábado, 8 de março de 2014

«A Morte do Diabo» Apresentação na Biblioteca Nacional


Apresentação de «A Morte do Diabo - fragmentos de uma opereta» inédito com libreto de Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis e música de Augusto Machado.

sexta-feira, 7 de março de 2014

TELEFONE

(A rainha Victoria experimentando o telefone em 1878)


«Começa a falar-se, com seriedade e espanto, numa nova descoberta americana, o telefone: é um telégrafo para a transmissão do som. Esta ideia, que nasceu em 1861, tem tido um progresso tão fecundo que há dois meses já se apresentaram perante as provas públicas dois sistemas rivais. O mais perfeito, parece. é o do Dr. Bell. O seu aparelho, que tem a aparência de um sistema telegráfico e um princípio electromagnético, transmitiu sons, numa última experiência, feita a cento e quarenta e três milhas; não só o som da voz chega perfeitamente claro, mas distinguem-se as inflexões mais leves. A experiência foi realizada em Boston e Conway, e àquela forte distância distinguia-se uma rabeca de um violoncelo; o rumor, as conversações, as risadas das pessoas que estavam junto do aparelho em Boston eram ouvidas em Conway com a distinta e exacta nitidez com que se ouve numa torrinha o que se canta no palco. Calcula-se que se poderá fazer chegar o som a transatlânticas distancias. Em Filadélfia organiza-se um concerto experimental, em que o público estará a cinquenta milhas dos artistas.» (in Cartas de Londres, 1877)