«As
eleições foram daí a três semanas. O
Ministério teve uma Maioria compacta, sólida, homogénea. Os jornais da Oposição afirmaram - que como
corrupção, tricas, violências, peitas, influências obscenas, estas eleições não
só seguiam a tradição obsoleta dos Cabrais, mas ofereciam, a evidência dolorosa da decadência social. O Estandarte
disse - «é, imenso como torpeza: nós aplaudimos; porque um ministério, que
assim procede, inspira ipso facto um
nojo genérico; este governo não há-de cair, porque não é um edifício: hão-de
tirá-lo com benzina, porque é uma nódoa.»
O Progresso Social
afirmou: «somos o escárnio da Europa!»
A Nacionalidade
disse, com chiste: «é averiguado que a maior parte das urnas
tinha fundos falsos; nada
admira o expediente, vindo dum ministério de pelotiqueiros» - aludindo
malignamente, ao Ministro das Obras Públicas, cuja perícia, em fazer
habilidades com cartas era geralmente estimada, e muito apreciada na Corte.
Mas o Globo,
jornal do Governo teve uma «saída» resplandecente: «O Estandarte, jornal dos Bexigosos,
escreve, no seu artigo de ontem: “o Governo não há-de cair porque não é um
edifício, hão-de tirá-lo com benzina porque é uma nódoa.” Este plagiato é torpe: aquela frase foi
escrita por nós, ipsis verbis, no n.º
1214 deste jornal, quando os Bexigosos,
elegeram a Câmara passada!»
Ambos os partidos se consideravam
reciprocamente uma nódoa - e se ameaçavam com benzina! Ah!
Quando se compenetrará a imprensa da elevação do Sacerdócio?» in O Conde de Abranhos, 1879.
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