sexta-feira, 17 de maio de 2013

Cataratas do Niágara, 1870

«O Niágara sacudiu-me porque eu estava só e descontente: se estivesse com um amigo - consideraria que o Niágara é simplesmente um rio que desaba - e não teria extraído daquela circunstância natural e geológica outras imagens e outras sensibilidades. Mas como estava só - a paisagem infinitamente doce, vasta e plana das margens daquele rio sagrado na religião dos índios, o mesmo facto da queda do rio - aspecto horroroso e singularmente cativante - a beleza divina das pequenas ilhas que estão justamente no ponto em que o vasto rio cai na largura de duas milhas (!) pequenas ilhas cheias de bosques de flores, de sombras de graça e de claridade, no meio da demência pavorosa da Queda - tudo aquilo - me fez passar uns dias excessivamente nervosos e romanescos...» (Carta de Eça de Queirós a Ramalho Ortigão, Montreal, 20 Jul. 1873)

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