A Inglaterra e a França (julgadas por um inglês)
"D. José", o cão pug-carlin do narrador, escreve uma carta à gata "Pussy":
«Nós em Inglaterra afirmamos, com a Bíblia apertada contra o coração, e a garrafa de gin escondida debaixo da mesa, que a moralidade dos nossos costumes é superior à de todas as nações do Universo. Tu sabes, "Pussy", como esta pudica afectação nos parece divertida a nós, cães e gatos, testemunhas permanentes da vida íntima, diante de quem os seres racionais, no seu imbecil orgulho e supondo que somos mudos não se dão ao incómodo de ter recato... A Inglaterra é uma pocilga de devassidão. A França é um salão de libertinagem. "Pocilga", "salão", a diferença está aqui. O pecado entre estes amáveis franceses, é amável também; doura-o um estouvamento moço; tem no fundo uma ponta de sentimento ou de sensibilidade; e no beijo mais superficial há sempre bastante emoção para, sendo necessário, fazer uma lágrima. Em Inglaterra o pecado é bruto e cheira a aguardente.» (em Almanaques e outros dispersos, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 2011)
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