quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A CIVILIZAÇÃO

«Paris, com efeito, já não é aquela cidade que V. Ex.ª, minha Prima, conheceu ligeira e luminosa. Agora está muito grosseira de aspectos, de modos e de ideias (...)
Até exteriormente perdeu toda a graça e elegância. Nas ruas não se vêem senão homens de camisola de malha e mulheres de calções, pedalando furiosamente em velocípedes: as carruagens já não têm cavalos, são todas automobiles, fazem um barulho horrendo e deitam um cheiro abominável a petróleo: no chão uma lama medonha, que a República não limpa: no céu sempre o tal fumo negro, representando, ao que dizem, um dinheirão: e logo ao começo da tarde é necessário acender uma luz que agora há, de um brilho muito criard, e que ordinariamente mata quem a acende! Já parece o século XXIII! Deus nos dê paciência para aturar a civilização!»
(Carta à Condessa de Sabugosa, 24 de Janeiro de 1897)

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